Procura por couro aumenta e preços sobem
Em São Paulo, já gira em torno de R$ 4,10 o quilo.
Procura por couro aumenta e preços sobem

Os cuidados com o couro começam no campo, no manejo do gado. Para manter sua qualidade, é preciso ter cuidados como a pastagem limpa para evitar os parasitas, cercas de arame farpado e, até mesmo, os parafusos usados nos caminhões que transportam o gado.

Além de tudo isso, quando os bois chegam ao frigorifico também recebem um tratamento adequado antes do abate. Eles passam 12 horas no curral para ficarem tranquilos.

Um frigorifico de Bauru (SP) recebe em média 550 cabeças de gado por dia. O couro é vendido para curtumes, que dão o destino ideal, dependendo do pedido do cliente. Por conta da alta demanda, o quilo do couro in natura está supervalorizado e, em São Paulo (SP), já gira em torno de R$ 4,10 o quilo.

Um curtume localizado em Bocaina, no interior de São Paulo, já recebe o couro curtido, conhecido como wet blue. Por ali, o material passa por outro processo de curtimento, durante oito horas, dentro de um fulão com produtos químicos.

Em seguida, o couro vai para a secagem, seca mais um pouco, é esticado por uma hora e, por fim, as peças são colocadas em varais no teto do galpão, onde ficam mais ou menos um dia para tirar toda a umidade.

Em seguida, vem a pintura e, caso tenha um detalhe a mais, o trabalho é feito de forma artesanal. Segundo o gerente de curtume, Caio Marcelo Contini, o local industrializa aproximadamente 300 couros por dia.

O passo a passo dura de 15 a 20 dias. O metro do couro, que antes da pandemia custava em média R$ 50, hoje passa de R$ 80. Todo o material produzido no curtume é destinado diretamente para a indústria calçadista e de artefatos.

O município de Pratânia, também no interior de SP, ficou conhecido como a "terra de couro" na década de 70. A cidade recebia mil turistas por mês em busca de produtos confeccionados nas fábricas da cidade.

Atualmente, duas fábricas ainda produzem os artigos de couro. O processo de produção é basicamente artesanal e uma jaqueta de couro pode levar até um dia e meio para ficar pronta.

Para o seleiro Daniel Evangelista, o couro representa uma vida. "Quarenta anos dependendo do couro. eu sou uma pessoa privilegiada, eu faço o que eu gosto. Se eu não trabalhasse com couro, eu não seria feliz", relata.

No local, ele faz de tudo, mas com um diferencial: suas peças são exclusivas. Selas, arreios, bainha de faca, bainha de facão, cintas. Tudo com couro curtido. Ele conta que a procura por peças de couro artesanal sempre foi grande, mas, nos últimos tempos, vem sentindo os reflexos da valorização do produto.

"As minhas peças tiveram que ter um reajuste de quase 100%, porque eu tenho que acompanhar o preço do mercado. Ficou até difícil trabalhar por causa dessa valorização do couro, então eu tive que dar um aumento significativo nas minhas peças", diz.

As selarias também usam o couro para produzir peças artesanais. Há mais de 20 anos, o produtor rural Marcelo Martignanim é cliente de Daniel. Em sua propriedade, localizada no município de Iacanga (SP), seus 15 cavalos são usados para cuidar do gado. Ele não abre mão de selas e arreios de qualidade, mesmo pagando um pouco mais caro.

Para os funcionários da fazenda, com acessórios de couro, o trabalho no campo fica até mais gostoso.


Fonte: G1


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